Não costumo falar de outros clubes, a menos que haja razões que o justifiquem. Por isso, no campeonato português, poderei comentar factos de apenas dois deles, os Corruptos e os Sardões verdes; querereis, suponho, saber de tais razões. Elas são por demais evidentes; no que toca aos meliantes do Freixo entendo que é uma agremiação de tal forma torcionária que provoca carradas de razões para todo o tipo de falatórios e, quanto aos pobres lagartos são outros dos que geram as mais diversas vozearias através de sentimentos os mais díspares e antagónicos; de compaixão uns, de indignação outros, de descaramento alguns e que suscitam as mais diversas contestações.
Ora hoje, eu vou tecer alguns considerandos sobre o Sporting que não são mais do que uma singela opinião minha e, creio, de muitas outras pessoas.
Eu sou do tempo em que o Sporting era um Clube importante e digno, honrado e correcto rival do Benfica, por quem eu tive respeito. Porém, desde que a figura sinistra e tenebrosa do seu presidente José Roquete lucubrou certa noite jogar o nosso Clube para o caixote do lixo da História, quiçá mesmo apagá-lo de modo definitivo, esta Instituição mergulhou num limbo de ignomínia, por força de tão vil, inútil e cobarde acção. E para o descalabro ser o mais funesto e desastroso, muito contribuiu a espúria e malfadada aliança com outro ser abjecto e maquiavélico que, era bom de concluir, nunca lhe concederia nem cederia qualquer importante benefício mas apenas miseráveis e pobres migalhas de um opíparo, inquinado e permanente banquete. E não é que o Sporting, iludido por tão traiçoeira sereia, aceitou de bom grado essa deletéria subalternização no opróbrio da curvatura da sua coluna vertebral? Qualquer cidadão sensato se interrogará como foi possível que uma Instituição daquela grandeza, algumas vezes no passado mesmo a primeira no futebol português, tivesse vergado a cerviz a uma agremiação insignificante e mesquinha que sempre lhe fora inferior e sem outra projecção de relevo até então a não ser a da tramóia e a da batota!?
E, como era de prever e se tornou evidente, o outrora nobre, orgulhoso e velho leão, mergulhou numa irreversível e atroz decadência, submisso e manso, e vem comendo o pão que o diabo amassou, berrando culpas e maldizendo desde esse profundo báratro, estranhamente e sem nexo, contra o seu leal e antigo rival, esconjurado como causa única de todas as suas míseras e frustrantes desgraças. Nunca essa gente, cega pela inveja e pelo ódio, anteviu ou considerou sequer que a razão de todo esse declínio era exclusivamente dela própria procurando, dessa forma, arrepiar caminho e exorcizar os demónios a quem tinha, erradamente, vendido a alma e a dignidade. Nunca apoiaram o Benfica na sua árdua luta pela moralização do futebol português, pela verdade da competição, pela transparência na aplicação das suas regras, tendo-se calado sempre, até perante as mais irrefutáveis evidências e, o que é pior, dando sempre razão a quem nitidamente se servia deles. Foram - e ainda são - humilhados e trucidados por esses falsos amigos, perderam o decoro e a honra e vêm-se arrastando tristemente pelos caminhos de uma solitária amargura.
E então eu pergunto: por que corre o Sporting? Nem eu nem ninguém pode ao menos sentir qualquer pena deles pois estão a colher aquilo que semearam; a adulação, a iniquidade, a capitulação pura e simples. Poderei não sentir regozijo pela situação deles, mas também não tenho qualquer dó ou pesar, somente tranquila indiferença. Lá com eles e que se desenvencilhem do nó onde se deixaram apertar.
Ena! Agora reparo: parece-me que estou a agir como um velhaco tartufo porque a verdade é que, bem dentro de mim, sinto um irreprimível gozo com todas as desgraças do sardão verde, sim, porque há sardões vermelhos. Vermelhos? Deixa-me bater na madeira: cruzes, canhoto! Lagarto, lagarto!