Pode ser que alguém talvez já tivesse reparado que eu só apareço nas horas más ou nas de crise. É possível que assim seja, mas, e que tem isso? Aparecer nas horas de triunfo e nas horas de glória pouco interesse tem para mim dada a convicção de que esses bons momentos deveriam ser normalidade no Benfica. E depois, eu apareço quando quiser, pois que não tenho de dar satisfações a ninguém.
E o que quero explanar agora é que estou farto disto e para a situação se manter nesta enervante e miserável mediocridade mais vale pactuar com o conformismo não adiantando sequer deixar-se consumir por qualquer desespero ou laivo de irritação.
Pois como é possível que um Clube com jogadores de topo, que jogou um dia antes que o opositor nas competições europeias, óbice que para aqui nem sequer devia ser invocado neste caso, não seja capaz de levar de vencida um adversário de segunda apanha que, por muito esforçado que se mostrasse, nem de perto nem de longe nos deveria, nem em suposições, causar qualquer entrave á vitória, mesmo jogando contra vinte!?
Sei que custa muito tudo isto para quem leva já anos e anos de benfiquismo. Não quero atacar ninguém, nem culpar quem quer que seja dentro da Instituição; queria era que a realidade fosse bem diferente.
Custa-me muito pensar que tenho de admitir que o grupo dos ladrões corruptos de Contumil são, na verdade, invencíveis … e burros; e digo burros porque escusavam de gastar grande dinheiro com treinadores ou jogadores de qualidade pois que, com qualquer hominídio, a sua invencibilidade manter-se-ia na mesma. Podem jogar com varredores da Ribeira, com estivadores de Leixões ou com os apanha-bolas da pocilga que ninguém os conseguirá derrotar, nem cá dentro, nem lá fora. Podem contratar um condutor de autocarro para os treinar nas horas vagas, que ao fim de três ou quatro jornadas têm o campeonato ganho e o resto será meramente um passeio triunfal. Poder-se-á afirmar que não é bem assim, mas é, porque essa é a pura realidade.
Anda a grande maioria dos benfiquistas indignada com tudo isto chegando alguns a advogar a violência, vindo logo outros rebater que se não deve ir por esse caminho. Será medo? Será pudor? Será politicamente correcto? Não sei, mas eu não tenho medo e digo; a única via de salubrificar este pútrido pântano do futebol português é usar da violência porque todos os outros meios não resultam nem resultarão nunca. Como, aliás, é evidente e necessário: quando alguém se sente injustiçado e nada mais lhe resta, torna-se legítimo que use a violência para repor a dignidade.
Doutro modo as lamentações não terão fim e os objectivos traçados e pretendidos nunca se conseguirão alcançar. Na nossa vida apenas devemos lamentar os erros que cometemos, nunca a injustiça!