domingo, 2 de setembro de 2012

ASSENTAR A POEIRA


    
Quando está mau tempo não podemos dizer que vai um lindo dia, quando chove não podemos afirmar que o sol brilha. Da mesma forma e pelo que se está a passar no Benfica só se pode esperar o pior em termos desportivos. Dir-me-ão que agora o futebol já não tem nada de desporto e eu bem o sei, mas a finalidade dum clube de futebol não é plantar tomates ou nabiças e sim a de conseguir vitórias que lhe dão a glória e estas só se poderão alcançar com os melhores atletas. Estou triste, muito triste e desiludido pelo que está a acontecer no meu Clube. Trabalhei numa grande  Empresa e sei muito bem que para se conseguirem bons resultados se torna fundamental que qualquer delas tenha uma gestão eficiente, como era o caso nesse meu tempo. E gerir bem até nem custa muito desde que haja seriedade e competência. Não sou contra ninguém nem quero atacar seja quem for, mas o que se está a passar no Benfica em termos de gestão desportiva é inacreditável. No entanto, assentada a poeira, vejamos as coisas com frieza.
Se há alguém que ficou desalentado e mesmo furioso com a saída do Javi Garcia, como disse atrás, eu fui um deles. Porque era, na verdade, um jogador excelente, porque  tinha amor ao Clube, porque irradiava simpatia, porque era espanhol e (é uma convicção minha) nestas coisas de futebol os espanhóis têm uma mentalidade muito forte. No entanto, o Javi foi vendido e seria o último jogador do Benfica que eu esperaria que o fosse mas, da maneira como as coisas funcionam neste charco da bola, era um cenário perfeitamente previsível. E aqui permiti-me que faça um pequeno exercício de divagação. Não são situações tão comuns de acontecer como uma venda, mas lá que são tão prováveis como outras quaisquer, devemos convir que sim. Suponhamos que o Javi, seguindo no seu automóvel, tinha por desgraça um acidente e morria, ficava inutilizado ou lhe surgia uma doença que o impedisse de continuar a sua carreira de futebolista; ficava o Benfica sem ele e sem o dinheiro da transferência. Ia, por via disso, cair o Mundo? Num caso destes todos os benfiquistas, mesmo aqueles que parece não o serem pelo que dizem e escrevem, nada poderiam culpar, nem ninguém, apenas lamentar-se, levantar a cabeça, (frase feita hoje muito proferida nos maus momentos), olhar o sol de frente e ir á luta, que a vida não pode parar. Diz a sabedoria que tudo que não há se escusa e também que ninguém é insubstituível como, de facto, não o é. 
Deixai que vos faça aqui uma pequena provocação; pensais que se o grupo criminoso do Freixo, desse, vendesse, alienasse, expulsasse, matasse os seus "maiores idolos”, como o boneco verde ou o tão falado Moutinho, teria havido este dilúvio de lágrimas e ranho como houve em nós, benfiquistas, e que essa sinistra agremiação ficaria abalada ou a carpir mágoas sobre o leite derramado? Qual quê; posso apostar que se no dia seguinte a essa pretensa hecatombe tivessem de fazer um jogo difícil, mesmo jogando com o refugo da casa, no fim do mesmo lá estariam eles a festejar a vitória. Uma coisa, porém, vos posso garantir e nela se resume todo o cerne da questão: com Javi ou sem Javi, com Cardoso ou sem ele, perderemos sempre com os meliantes de Contumil, quer eles joguem com Hulk ou sem Hulk, ganhar-lhes-emos poucas vezes como tem acontecido até aqui e ficaremos em segundo lugar como tem sido costume. A estes factos é que nós devemos dar atenção. Acredito que jogadores como o Javi Garcia são difíceis de encontrar ou de fazer, não tanto assim os Messis, Ronaldos ou Macacos Verdes; basta olhar para o físico deles e concluir que são uma boa demonstração de como funcionam as hormonas, as "amarelas", tal qual os frangos de aviário que já se conseguem criar em dois ou três dias com grande facilidade. 
Por isso, diz-nos o bom senso que devemos aguardar os acontecimentos e se eles se precipitarem no insucesso pela causa apontada, (e tudo parece indicar tal cenário) então sim, será legítimo abrir hostilidades e verberar os culpados. Dir-me-eis com cepticismo; pois é, muito bem falas tu. Não falo, não, pois sei por demais o quanto a mim também me custa aceitar este raciocínio e seguir por este caminho.  


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