sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A REALIDADE É ESTA!

O tribunal da Relação confirmou a decisão da 2ª. Vara Cível do tribunal criminal de Lisboa da absolvição dos 16 arguidos do Apito Dourado, entre eles o antigo presidente da arbitragem, Pinto de Sousa. E siga a rusga! Não houve qualquer crime e foi tudo legal. Perante esta situação que me deixa agoniado e cheio de uma miserável perturbação, apenas me ocorre um pensamento, tão óbvio como consequente; o de que os corruptos estão cheios de razão nas acções que sempre praticaram pois elas, se bem raciocinarmos, são absolutamente legítimas e transparentes. Quando dois tribunais assim o declaram, nada mais resta do que dar a mão á palmatória e pedir desculpas aos “injustamente” acusados. 
É a realidade!
Se alguém praticar seja que crime for e sair absolvido, fica com toda a razão  e legitimidade para continuar com o mesmo procedimento. A verdade é que a Organização do Freixo pode alegar com razão que não é corrupta e tudo o que fez e faz é totalmente correcto, justificado e claro como a água. 
Custa-me admiti-lo, mas entendo que o Benfica, enquanto não utilizar os mesmos meios e esquemas que usam tais malfeitores, nunca conseguirá os objectivos a que se proponha. Poderá haver muitos benfiquistas que fiquem chocados e mesmo indignados com semelhante asserção, porém, não vejo razão para quaisquer escrúpulos. Não é tudo legal? Doutra forma, e como afirmei, nunca se conseguirá ressarcir de inúmeros prejuízos, será humilhado, será perseguido, como é e foi até aqui, lutará sempre em vão contra moinhos de vento. Dado tratar-se de uma guerra e, para mais, de uma guerra suja, nela não podem nunca ser dadas tréguas nem ser utilizadas armas de piedade, de lisura ou de convenções.  Seremos aniquilados, mais cedo ou mais tarde.
Deixai que vos conte uma experiência minha. Trabalhei, em certa altura da vida, numa terra fronteiriça onde, nesse tempo, grassava uma descarada corrupção na antiga Guarda Fiscal. Conheci, no entanto, um dos seus membros, o Abel Mosqueira, homem pobre e digno que, prezando sobremaneira uma impoluta seriedade e pundonor, nunca aderiu a tais condenáveis esquemas. Resultado: foi posto á margem por companheiros e colegas, por superiores e graduados, perseguido com castigos disciplinares, humilhado na sua pessoa e na dos seus familiares. Apesar de tudo foi resistindo: até que um dia, pouco antes de morrer e constatando que, porventura, ele é que estava errado, cedeu: sem grandes proveitos já, mas cedeu. 
Espantou-me a consequência do seu acto. Numa revista ao batalhão daquela Vila, todo alinhado em formatura, parou junto dele o comandante e pondo-lhe com sobranceria  a mão no ombro disse-lhe, alto e bom som:
— Então, Mosqueira, já entraste no bom caminho?



2 comentários:

Miguel Oliveira disse...

Quer colaborar no meu blog responda no meu blog
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RIVUS disse...

Caro senhor Ricardo: sinto-me grandemente honrado com o convite que me faz, porém, dado ter sempre um tempo escasso e muito ocupado na minha vida, não se me afigura possível aderir ao seu pedido. Creia que, apesar disso, lhe agradeço muito a sua intenção. Vou passar o seu blog para os meus favoritos, acompanhando a sua leitura com o maior gosto do mundo.
Muito obrigado!