sábado, 3 de março de 2012

ANTES A MORTE QUE A MÁ SORTE

Foi a derrocada final. Só quem estivesse de má-fé ou não quisesse ver é que poderia contar com outro desfecho que não fosse este  que aconteceu. Um desenlace surrealista e humilhante que nada pode desculpar nem apagar. Senhores, este jogo de ontem era para ter sido ganho de qualquer forma; a pontapé, á cabeçada, á chapada, ao soco, ao murro, á paulada, a tiro ou á bomba, mesmo que necessário fosse. Porque aqueles com quem jogamos não são adversários a quem se possa facilitar nem encarar com sobranceria e que se alicerçam num profundo ódio para nos derrotar e nós devíamos tê-los  tratado  do mesmo modo retribuindo-lhes e usando um ódio ainda mais violento para os combater. 
Isto não é glória nem grandeza; isto é miséria, é capitulação, é a aceitação da escravatura daqueles a quem não conseguimos derrotar de maneira civilizada. O Benfica é um clube falhado, perdedor nato, conformado e amorfo. Tirai-me deste filme trágico que já está gasto e delido de tanto passar. Como pode  então alguém com dignidade amar, seguir ou ser sócio de uma Instituição que só oferece em troca derrotas humilhantes? Dizem p'raí que fomos espoliados, mas que fazem então os responsáveis para denunciar tais atropelos? Alinhei nesse discurso mas reconheço que ele não tem  consistência.
Aparecem agora os derrotados a apelar á piedosa panaceia de que devemos levantar a cabeça e outras atoardas inúteis. Como pode um Clube que se proclama grandioso levantar uma cerviz profundamente vergada pela humilhação e cobardia? Um clube que em 30 anos apenas conseguiu ganhar meia dúzia de campeonatos? Que ainda temos algumas hipóteses pois esses bandalhos terão de jogar em Braga, na Madeira, etc. e tal. Mas estão a fazer  humor negro? Todos sabem muito bem que eles vão pulverizar o Braga, vão desbaratar o Marítimo e todos os que lhe surgirem pela frente. A fatalidade foi deixá-los chegar ao poleiro.
Quem participa em jogos viciados e anda nos circuitos da corrupção, embora de boa-fé e pretendendo fazê-lo de forma séria, não pode fugir á indignidade. Deveria então o Benfica sair e abandonar estas competições? Pessoalmente creio que sim. Mais valia competir com atletas da nossa formação, muito mais baratos e genuínos, em provas secundárias e menos atreitas ao vício da falcatrua. Acabe-se com este estado de coisas. Tenho até muitas dúvidas se qualquer competição na qual não participasse o Benfica teria condições para se aguentar economicamente. 
Depois do que ocorreu ontem que interessa agora tudo o mais? Pensar na Taça dos Campeões? Haja juízo: poderemos até eliminar os russos, mas não se passará disso mesmo. A Taça da Liga? Haja decoro! Sinto-me insultado só de pensar que, com um plantel destes, nos sintamos realizados e satisfeitos  com um troféu de pechisbeque, como consolação atribuída por um Deus menor.
Má sorte a nossa. Diz o povo na sua infinita sabedoria, o mesmo povo donde eu saí e com o qual sempre me identifiquei que "mais vale chorar a morte que a má sorte." Grande verdade que traduz aquela dignidade que todos deveríamos possuir.
Por isso eu, hoje mesmo, já pedi ao Benfica para anular o meu cartão de sócio. Podia ser uma contribuição muito pequena da minha parte, mas também não trazia qualquer dispêndio ao Clube. Podê-la-ão considerar uma atitude muito radical, muito irracional e destemperada, mas ela é liminarmente lógica. Atingi a saturação pelas vergonhas e humilhações a que fui sujeito em tão longos anos, um doloroso cansaço e quero esquecer todas as aleivosias e mentiras, esquecer uma Entidade que amei desde que nasci e que já não existe, quero fugir de toda a vileza para assegurar certa paz e uma tranquila sanidade mental. Futebol nunca mais, blogues desportivos nunca mais, Benfica nunca mais. Não sinto qualquer ódio ao Clube que amei durante tantos anos, isso sim, apenas me invade um ódio imenso aos autores de toda a indignidade instalada. Na verdade, um ódio imenso só é possível de queimar os corações daqueles que amaram infinitamente. O Amor é belo, é grandioso, é sublime e cheio de delícia; mas o ódio é muito mais augusto e grande, muito mais transcendente porque é infernal e mais se amolda á satânica alma dum vingador. Amor, ódio e vingança são, na sua essência, uma e a mesma coisa, somente vistos por diferentes prismas e ao passo que o Amor traz consigo o perdão das mais vis e tremendas ofensas o ódio, ponto culminante onde acaba um delirante sentimento de paixão, gera a vingança. O perdão é apanágio das almas nobres e porque o não será também a vingança? Se o perdão deixa transparecer bondade e misericórdia, a vingança denota heroísmo e Justiça.
E serei irredutível na minha decisão! Benfica, nunca mais, humilhação nunca mais!