domingo, 2 de junho de 2013

A MINHA PENA


Sou um homem idoso que sempre cultivou a rectidão e a palavra dada, tenho estado calado após os difíceis momentos recentemente ocorridos sob pena de reagir debaixo de emoções, por isso rejubilei com a posição inicial exarada no comunicado do Benfica de que não iria comparecer no jogo de hóquei em patins a realizar hoje no Porto contra o grupo dessa Organização mafiosa e torcionária, com provas mais que dadas. Achei-a uma atitude, no mínimo, curial e correcta porque esse jogo não vai ser um jogo desportivo, digam o que disserem nunca o será, e sim uma guerra como os responsáveis desse ignominioso clube classificam a sua participação em qualquer evento em que se metem ou usurpam. 
Sou benfiquista e, assim sendo, senti-me orgulhoso, embora no fundo do meu raciocínio sentisse o medo de que a Direcção do meu clube pudesse voltar com a palavra atrás como, lamentavelmente, veio a acontecer. Por isso, o meu inicial orgulho deu lugar á incredulidade, ao estupor, á canalhice, á safadeza, á capitulação, á timidez, á bravata, podendo dizer-se que este recuo foi pior que a célebre emenda do soneto. Não se trata de medo como dizem os biltres seguidores e correligionários do Grupo do Freixo, não, isso é uma questão de bom senso e auto defesa pois jogar naquele antro e com tal canalha é um perigoso risco. O Benfica recuou e vai comparecer na contenda (desgraçadamente já o antevia) o que é triste e revela uma atitude grotesca de gente sem carácter. Estou revoltado e desengane-se quem pensa o contrário: tal gente não pensa recuar e vai usar na mesma todos os truques de que costuma deitar mão, todos os golpes baixos, todas as trapaças e manigâncias, toda a droga para nos vencer e humilhar que é o supremo fim que eles perseguem. Não são leais, nem desportistas, nem gente de bem. Não sejamos ingénuos, participar nesse jogo é uma temeridade, só por fanfarronice, pois é um jogo desigual e viciado á partida e terminará, inevitavelmente e como sempre, na nossa derrota e, pior ainda, na humilhação e na violência. 
Em face disto e com muito desgosto, me sinto afastar cada vez mais dum Clube que amei, porque os seus dirigentes actuais constituem uma pálida sombra de outros grandes Senhores que o guiaram no passado, parecem rapazes impreparados que não possuem a hombridade e grandeza necessárias para representar um Clube de tal dimensão. São homens sem firmeza, medrosos, sem índole, sem categoria, que recuam á primeira gargalhada de cinismo, de falsa censura de arruaceiros safardanas. Os dirigentes do Benfica que esperem pela volta, se é isso que querem depois de darem o dito por não dito. É só fogo de vista e depois são escarnecidos: que esperam, de facto? Os cães são sempre cães e não brincam em serviço e só sabem morder.
Sinto vergonha e pena e comigo não contem.