sexta-feira, 27 de maio de 2011

A COCA




      
      Sou natural duma terra, Monção, onde todos os anos, no dia do Corpo de Deus, se celebra um evento de cariz semi religioso, conhecido por festa da Coca. Todas as romarias do meu Minho sem par são essencialmente religiosas, contudo, quase todas elas exibem também uma vertente profana. Esta de que vos estou a falar é uma festividade muito antiga e de grande tradição que, após um acentuado declínio de alguns anos, voltou a ressurgir com todo o seu esplendor. Ela faz parte das recordações e do destrambelhado imaginário da minha infância. Saíamos da escola a correr como doidos para podermos apanhar um lugar no carro das ervas puxado por uma junta de bois bem aparelhados com aprimorada canga, levando á frente o corpulento Boi Bento, muito luzidio e enfeitado como convinha. Já dentro do carro, íamos cantando, de goelas abertas e com alvoroço, um certo estribilho de que já não me recordo bem.   
     E então perguntareis vós: a que propósito se faz alusão, num blogue sobre o Benfica, a uma festa da tradição popular? Caros amigos, como estamos no defeso e os temas que vão surgindo sobre o nosso clube eu não os quero nem me sinto suficientemente preparado  para os abordar, entendi divagar sobre assuntos mais amenos e que, de algum modo e como é o caso, apresentam uma faceta comum em termos de simbolismo.
       A Coca, ou santa Coca como diz o povo, é o nome do dragão que figura na procissão do Corpus Christi em Monção e com o qual S. Jorge trava uma tradicional batalha, desde tempos remotos no largo principal daquela Vila, chamado de Praça Deu-la-Deu e, muito recentemente, num recinto mais apropriado junto dos quartéis dos Capuchos. Na referida procissão a luta do arcanjo com a Coca constituía um dos passos mais curiosos das festividades, terminando esta quando o cavaleiro cortava uma das orelhas do terrível Asmodeu. A sua importância parecia transcender o próprio acto religioso pois o povo enfatizava o refrão;
       “… Por causa da santa Coca, perdi o diabo da missa.”
      Achavam que esse dragão é que era santo, tal e qual como ainda hoje e no mesmo paralelismo, os seus fanáticos seguidores entendem que  o clube corrupto é que é sério, impoluto e honrado.
      Rezava a lenda que a dita Coca vivia numa enseada negra que fica bem por baixo do lado norte da muralha, virada ao rio Minho e defronte da margem galega, denominada Poço da Couraça que se dizia não ter fundo. Sítio escuro e lúgubre, como quadrava a uma figura tão sinistra  e que, como já disse, representa muito bem o Grémio do Freixo.
     Em termos mais filosóficos poder-se-á concluir com propriedade que o torneio entre a Coca e S. Jorge não é mais que a eterna luta da Verdade contra a Mentira, da Paz contra a Violência, da Dignidade contra a Injustiça, da Luz contra as Trevas, da Mulher contra a Serpente, do Bem contra o Mal. É evidente que, por desejo e tendência, o Bem sairá sempre vencedor, degolando as Bestas e os Dragões que se movimentam rastejando pelos covis da Iniquidade.
      E não tenham quaisquer dúvidas; pode tardar mas, á semelhança da Coca, os Corruptos de Contumil, hão-de ser banidos do convívio da gente séria e do desporto deste País, como assim era nesse tempo dos feéricos arraiais e das álacres e trepidantes romarias da minha juventude!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O QUE FICA



Terminou, agora mesmo e da forma que se previa, o arranjinho de Dublin; não o vi que não quis agredir os meus olhos mas, pelo que me consta, parece que ninguém sabia o que aquilo era. Cada vez me convenço mais de que o Benfica tentou evitar os corruptos para lhes não dar confiança e deixá-los a falar sozinhos com os da laia deles. Se assim foi, só me posso congratular com isso. 
Nem podia ser de outra forma, pois taças dessas já as ganharam os mais diversos emblemas do futebol: ganhou-a um clube chamado Shakhtar Donetsk e que ficou daí? Quem é essa equipa, quem a conhece? Ganhou-a um Zennit de S. Petersburgo e quem é esse? Também o SCKA de Moscou e quem fala dele? Um tal Galatasaray e onde pára ele? São vitórias esporádicas, de ocasião, irrelevantes na relatividade do seu valor.
As conquistas do nosso Benfica são eternas porque foram alicerçadas em valor, lealdade e mérito, porque não foram ganhas contra ninguém nem com favores ou ajudas de ninguém, por isso geraram um mito universal que foi aceite com alegria e se estendeu literalmente por todas as plagas do Mundo. 
Outros podem até ganhar mais, mas sabe-se como e porquê, ninguém os admira nem conhece  aqui perto, muito menos em povoados tão distantes como os que se encontram perdidos nos planaltos do Evereste ou dos Andes, mesmo nos mais recônditos cantinhos da Terra. É pura verdade! Outros podem gritar pretensas façanhas, mas não fazem tréguas parando guerras, porque esses só  provocam conflitos e violências; não inspiram amor, apenas ódio, desprezo e ranger de dentes.
O nosso Benfica é luz, é respeito, é o culto de valores sagrados, é o querido campeão, é a chama imensa, é a lenda imortal e viva. Desiludam-se os que O pretendem destruir, porque nunca levarão a cabo tal intento. Os outros, os corruptos, os facínoras, os trafulhas do Freixo, que gritam, que berram, que de tão pequenos se põem em bicos de pés para parecer maiores, apenas são as trevas, o rancor, a antipatia, o nojo de um esgoto mal cheiroso. Mas hão-de ser varridos e limpos um dia!

terça-feira, 17 de maio de 2011

A FINAL DA MENTIRA

Ela aí está, vai disputar-se daqui a poucas horas e, como já o disse e escrevi, entre as duas mais indignas equipas de todo o futebol mundial. Mais uma que outra, como é óbvio. Há pessoas, sobretudo entre os meus correligionários benfiquistas que, preferindo ignorar toda a podridão que exala um fedor nauseabundo proveniente da lixeira a céu aberto que é o futebol deste país, dão em atacar a esmo tudo o que concerne ao Benfica, e com tal veemência que tornam os ataques dos nossos próprios inimigos, bem mais brandos. Mas eu não me calo nem calarei e insistirei sempre no mesmo discurso e na mesma denúncia. 
Digo e afirmo que esta final da Liga Europa não passa duma refinada mentira porque se trata, de facto, duma final viciada, sempre pela mesma organização á qual pertence um dos finalistas. Senão reparem: esse dito Clube, sem nada que o justifique, nem plantel nem estofo, nunca perde, nem sequer falha nos momentos decisivos. Mesmo as grandes equipas mundiais, constituídas por selecções de autênticos fenómenos de praticantes, nunca dão como garantida a vitória em qualquer jogo e, não poucas vezes, tem acontecido que a mais favorita delas acaba por sair derrotada, porque uma das grandes atracções do futebol é a incerteza do resultado. Porém, com o grupo dessa sinistra organização do futebol do Porto, nada disso segue qualquer via lógica ou racional. Existe nele uma tal certeza da vitória que chega a ser obscena; e eles lá saberão porquê. Só que eu também sei: usam a trapaça do doping, de forma sofisticada e científica. É uma convicção que me fica; querem derrotá-los? É muito fácil; ide por mim e faça-se como Dalila fez ao cortar os cabelos a Sansão, arranje-se maneira de lhes cortar o doping; antes de qualquer jogo importante exija-se um controle anti-doping, rigoroso e sério, e hão-de ver como lhes estalará o verniz numa vozearia de desespero e como essa arrogante e cega confiança se esfumará, pondo-os a tremer como varas verdes e a rabiar de impotência. E vos garanto que quando, porventura, tal acontecer, em muito poucos jogos conseguirão cantar vitória. Faz-me lembrar o brigão mafioso quando enfrenta um inimigo seu e que para o desancar a seu bel-prazer, manda segurá-lo por dois ou três dos seus musculosos capangas. 
Esta final é uma farsa porque, para lá chegar, esse grupo da organização do Freixo utilizou, como tão bem o sabe fazer, a batota e a trafulhice que, como todos puderam constatar, começou com o Sevilla e terminou no jogo com o VillaReal quando, já no tapete ao fim da primeira parte, em escassos trinta minutos e como que por inaudito milagre, conseguiu destroçar os espanhóis. Dopagem, clara e simples! Por sua vez, esta final é também um embuste porque se vai realizar entre duas equipas pertencentes á mesma organização e que obedecem ao mesmo dono, onde uma delas assume papel secundário servindo de muleta á caminhada vitoriosa da outra, a principal. Que pensam os meus amigos sobre o que irá fazer o Braga neste jogo?! Toda a gente o sabe muito bem; vai prestar tributo aos corruptos, vai fingir que compete, mas o papel dele será o de colaborar e servir de pretexto para que o prélio se possa realizar, no entanto, já com tudo previamente combinado. Ou alguém de boa-fé terá sequer alguma dúvida sobre o seu desfecho?!  A mentira será ainda mais ignóbil por se tratar de um jogo entre amigalhaços onde um se apresenta como dominador consentido. 
Mas há mais. No nosso campeonato, enquanto o Benfica tem de competir a sério e com esforço -como assim deve ser - para conseguir as suas vitórias e êxitos, esse dito clube de Contumil, ou porque lhe é estendida uma passadeira de vassalagem, ou porque eles próprios deitam mão dos seus recursos trapaceiros, não despendem qualquer esforço, fazendo apenas um reconfortante passeio.
Podereis dizer, muitos de vós, que eu avento esta tese e manifesto esta ideia por ressabiamento de não ser o Benfica um dos finalistas. Afirmo-vos com sinceridade que não é o caso, pois se existe alguma consolação na tristeza que foi a eliminação do nosso Clube, ela provém do facto de ser um mal menor em relação ao que seria ter por adversário um contendor tão abjecto e que a mim me repugnaria enfrentar. Torna-se evidente que se, em vez do Braga, o outro finalista fosse o Benfica, este seria sadicamente vilipendiado pois, pelos motivos apontados, não lhe seria permitido qualquer ensejo de vencer.  
Poderão apelidar-me de mentecapto pelo que estou a expressar, contudo, são fortes convicções minhas e estou certo de que, num qualquer futuro dia, todos as irão constatar e reconhecer, ande eu por cá, ou não. 
Resta-me ignorar tal gente, pois taças e campeonatos desses existem nos supermercados á disposição de quem os possa e queira comprar ou até, se não houver dinheiro, de os roubar; tanto dá! 


domingo, 15 de maio de 2011

TEMPO DE ARREPIAR CAMINHO

Até que enfim! Acabou finalmente este terrífico pesadelo, embora com um despertar entontecido e bocejante que ainda vai manter por muito tempo as almas entorpecidas. Desgraçadamente, porém, ficará registado na História! 
E venho dizer que esta foi uma das mais negras temporadas do Benfica a que me foi dado assistir e que me trouxe inquietação, revolta, humilhação e, sobretudo, incredulidade; é certo, amigos, porque eu sou daqueles, já poucos, que assistiram a toda uma gloriosa epopeia deste mítico Clube, que me encheu a vida de um legítimo orgulho e duma realizada tranquilidade, por sua vez tão descuidada que descambou em mau hábito. Por isso, ainda me tornam mais penosos e frustrantes estes tempos de agora. E o lamento transparece tanto mais profundo quanto mais se antevê a diminuta crença numa fagueira esperança. Isso sim, pois se me afigura que ainda falta beber a derradeira gota de tão amargo cálice.
Entendo que se deve parar para analisar não só todos os possíveis erros da nossa parte, mas também e sobretudo todas as vicissitudes e acontecimentos que condicionaram e deitaram por terra assumidas e, porventura, bem congeminadas estratégias. Porém, muito temo que tudo vá continuar na mesma até á queda final! 
Os responsáveis do Benfica deverão gizar os seus planos com seriedade e empenho com uma das mãos, mas deverão perceber também que será forçoso ter na outra mão uma espada sempre disponível para defender a exequibilidade dessas planificações. Destroça-me o ânimo verificar que, presentemente, o futebol está viciado e em guerra e que os seus jogos e competições se resolvem pelas formas mais estranhas e  adulteradas, mesmo sem o pudor de qualquer lei. Assim, das duas uma: ou se desiste e se passa de largo seguindo, resignada e cobardemente, o caminho da sombra e subjugação da sobrevivência, ou se mantém a vigilância do inconformismo e se faz frente a todas as ciladas e ataques com feroz determinação. 
Parafraseando um título do caro Guachos Vermelhos e que subscrevo, estes são, na verdade, “tempos de ódio e de frustração” que nunca deverão ser adoptados pelo Benfica nem por nenhum dos seus seguidores. É facto por demais evidente que forças malignas e odiosas O estão a tentar aniquilar, não hesitando na utilização de todos os mais diversificados e perversos meios para o conseguirem. Um deles é o da asfixia pela parte económica, boicotando expectáveis êxitos desportivos e anulando, por essa via, os consequentes proventos pecuniários, condicionando ou impedindo mesmo imprescindíveis e vitais investimentos. Já o fizeram, estão a fazê-lo e assim irão continuar. Ora, o nosso Clube, conhecendo a força que tem, deve manter-se alerta e não permitir que alguém possa ir por esse caminho.
Por todas estas razões é que a minha esperança se torna frágil e me faz imaginar que tudo irá continuar na mesma. Ou me engano muito ou, na próxima época, á terceira ou quarta jornada, já estaremos fora da competição. E não me venham com os fúteis palavreados do costume, de pré-épocas mal planeadas, tiros nos pés e quejandos subterfúgios, pois todos sabemos que não é bem assim. Reparemos bem; poder-se-iam admitir erros nossos se a prestação do Benfica se cotejasse com a de todos os  clubes da Liga, mas pergunto: por que razão ela só é fraca e desastrosa em relação a um, apenas a um, determinado Clube?
Será que este fado não vai acabar nunca? 

terça-feira, 10 de maio de 2011

UMA MENTE BRILHANTE

Raramente ouço ou vejo as suas arengas proferidas aos domingos na TVI, mas neste fim de semana dei comigo a ouvir o professor Marcelo, quase por casualidade. E fiquei espantado quando, na parte final do seu arrazoado, ele não se conteve e manifestou uma bacoca euforia por o “seu” Braga ter derrotado o Benfica e chegado á final da Liga Europa. Que manifestasse tal atitude numa conversa de café, nada seria de estranhar, pois teria todo o direito de o fazer; agora ali, num canal generalista de televisão, perante uma vasta e heterogénea audiência em termos ideológicos e culturais, entre a qual estavam, certamente, muitos benfiquistas, convenhamos que foi um procedimento inoportuno, pouco correcto e mesmo acintoso. 
E é esse indivíduo um professor universitário! Do que se pode concluir da qualidade do ensino, não tanto em termos técnicos como, e acima de tudo, educacionais e de valores, entre eles uma necessária isenção. Mas o professor Marcelo entenderá que todos somos estúpidos? Ou será ele próprio uma pessoa ingénua e crédula? Ele sabe muito bem que o feito do “seu” Braga só foi possível por uma circunstância pontual, mais por demérito do antagonista do que por mérito próprio e que, possivelmente, só voltará a acontecer daqui a mil anos. Ele sabe muito bem que a missão do seu dito clube não foi outra senão a de impedir que o Benfica  pudesse chegar á meta prevista, sendo um mero instrumento nas mãos de forças perversas e tenebrosas. Que júbilo poderá advir dum feito espúrio, quando já se sabe, de antemão, qual o resultado desse jogo final? Como é que alguém de boa formação mental poderá aceitar e rejubilar com um acontecimento viciado e com desfecho forjado? 
Porque o professor Marcelo é mais um dito intelectual que milita nas bandas da corrupção, que se acomoda aos seus ditames e não mexe uma palha sequer para a desmascarar, tratando os mentores da mesma como pessoas dignas e respeitáveis. Além de que, ainda por cima, tem manifestado, gratuitamente e nas mais diversas ocasiões, um dos mais irracionais e primários anti-benfiquismos. Será por moda que tão básico sentimento benfiquista não se coadunará com a sua mente brilhante? 
Porém, a parte mais ridícula da sua peroração aconteceu quando, em gesto solene e categórico, concluiu em jeito de irrevogável sentença, que a vitória do seu clube significava que a região de Braga tinha deixado, finalmente, de ser simpatizante do Benfica de forma maioritária. Na verdade, apetece-me ficar de boca aberta: - que cabeça!
Infelizmente só posso ficar agastado com a dura realidade, pois aí estão na final os dois clubes mais indignos de todo o futebol mundial. Um já se previa com muita antecipação e o outro, o Braga (mas quem, senhores?), muito embora e para sermos justos nada tenha feito de ilegal em toda esta eliminatória da Liga Europa é, contudo, uma agremiação que, no plano interno, já deitou mão das tortuosas práticas da corrupção e da violência. Por isso, que valor pode ter  um troféu destes? E o que se conclui disto tudo é que o Benfica, embora possa e pretenda ser um Clube diferente, nada conseguirá com tais posturas de integridade e honradez,  porque os da batota é que estão lá em cima e, o pior, é que  todos acham bem e aplaudem.




sexta-feira, 6 de maio de 2011

OS DIAS DO FIM

Ao contrário de muitos outros companheiros e sócios do Benfica e olhando com doloroso estupor para a eliminação de há bocado com o Braga (com quem?), sinto-me estranhamente calmo e não me apercebo que tenha caído qualquer céu sobre nós. 
É evidente que motivos de humilhação aconteceram mais que muitos, mas entendo que os maiores já tinham ocorrido antes. 
Como foi possível uma equipa que no passado ano  actuou de forma tão maravilhosa ter caído em tão profundo pego, esfrangalhada e ferida por tão incompreensível hecatombe?
Não quero nem vou procurar saber quem possam ter sido os culpados de tanta perdição, nem mesmo me interessa, mas o que pressinto é uma profunda postura de amadorismo em toda a Instituição, uma atroz ingenuidade e uma boçal incompetência. Nunca me iludi com loas tecidas aos atletas da equipa em horas mais conseguidas porque sabia bem que eram inconsistentes e dirigidas a jogadores mais que banais, sem classe, sem categoria, bem piores do que muitos que vejo actuar em equipas regionais e de terrinhas da província.  Nunca embarquei no frágil batel de ditos triunfantes porque sempre os considerei como demonstrações abacocadas de quem se sente perdedor. Esses ditos eufóricos do “faço e aconteço” só se podem admitir e compreender depois das vitórias finais. 
E sempre com a mesma agonia, vão-se passando os anos, as épocas e as trevas não há meio de se dissiparem para deixar passar, pelo menos, a luz da dignidade. Cada vez mais, as humilhações vão surgindo em catadupa, não como íncubos malignos e sim como experiências vividamente presentes e reais. Nunca poderei esquecer a noite do jogo para super Taça,  estava eu numa Unidade de turismo de Habitação, confiante e crente na vitória, quando me aconteceu passar por uma das maiores humilhações da minha vida ao ter de aguentar com  a agressividade e o típico ódio de uns putos de escola que durante alucinantes minutos saltaram e pularam de incontrolável gozo. Mas, ai de mim, mal sabia eu que o cálice da amargura ainda não tinha sido emborcado totalmente e vieram os 5-0 do covil do Freixo. Por entre um fogacho de luz dos 2-0 no mesmo fojo, logo voltou a escuridão na nossa Luz, uma vez e logo outra seguida, com a mais degradante vergonha da segunda mão da Taça de Portugal. O pior  é que não são todas estas misérias que mais fazem doer; é ter de ouvir, ainda por cima, todo o ladrar das mais diversas e hediondas matilhas, que nos punge a alma, desconsolada e abatida. Por muito que sejamos possuidores dum forte estoicismo, desta forma ele terá forçosamente que ceder á descrença e mesmo á indignação. 
E, perante toda esta vileza, dou comigo a congeminar; ter-me-ia valido a pena gozar do privilégio de ter  assistido a toda a Glória do Benfica para, de forma deprimente e chorosa, o ter visto morrer há muito tempo atrás? Porque, não tenhamos ilusões e volto a repeti-lo; o meu Benfica está morto e, pena das penas, não sinto em mim nem antevejo qualquer esperança de o ver ressurgir. Porque já não existem salvadores. O Benfica actual não passa de um magote de índios sul-americanos vestidos com a sua camisola. 
      Olhai bem; não manifesto todos estes sentimentos para desabafar e sim porque sinto a convicção de que os  dias de glória se esvaíram e também porque estes tempos representam, efectivamente, os dias do Fim.


quarta-feira, 4 de maio de 2011

FATAL COMO O DESTINO

Quando algo acontece e de que já se está á espera, vai-se ouvindo dizer por aí no falar do povo:  é fatal tal como o destino. 
E, há mais de trinta anos, em todos eles já se espera e se sabe quem vai ser o campeão; de forma crónica, encontrado ou fabricado pelos mais  diversos e estafados meios. Pouco interessa a forma como os ditos “campeões” lá chegam, pouco importa que roubem, pouco importa que usem de violência e da ameaça, pouco importa que utilizem pós e aditivos químicos, pouco importa que tudo seja denunciado, pouco importa como os vencedores são feitos: no fim, está tudo bem, tudo normal, e - é fatal como o destino - todas as vozes proclamam aos sete ventos que o campeão foi justo, foi o melhor, mereceu ganhar; e em todo esse coro desonesto e sórdido dos louvaminheiros alinhados, lá estão também a “cantar” a mesma canção os que antes se indignavam com todas essas trafulhices e desmandos, a grande maioria deles - fatal como o destino -  de inúmeros benfiquistas, como se pode verificar através da leitura de muitos dos seus blogues e, fiquei pasmado por ouvir agora na BTV o Dr. Manuel dos Santos a desdobrar-se em elogios derretidos ao fabuloso jogo da Organização corrupta. Ouço por aí, a torto e a direito - “… foram uns justos vencedores, foram os mais fortes, foram os melhores, praticaram o melhor futebol,  tiveram todo o mérito, et cætara e tal.” Tudo isto, dito assim a frio e fora de um contexto de justiça e de oportunidades iguais, até se poderia tomar como verdadeiro mas, apesar de todos conhecerem muito bem as razões de tal sucesso e de tão superior desempenho, mesmo assim - fatal como o destino - não hesitam em vergar o “cachaço” e ceder ao deprimente beija-mão.
Porque será, porque procederão dessa forma? Será que, após se ter atirado ao chão a toalha do conformismo e do desânimo deixando, por isso, aumentar a distância em pontos na tabela classificativa, depois de se concluir que nada mais poderia ter sido feito, que de nada serviram as reacções e lutas contra a corrupção, apenas restará a triste sina de, ainda para cúmulo, ter de se baixar a cerviz como os escravos acorrentados ao carro dos conquistadores? Miserável e triste fatalidade é esta!
Quando um homem se dispõe a lutar, por muito forte que seja o inimigo, por via disso com reduzidas perspectivas de vencer deve, mesmo assim, manter a sua luta, não deve pensar em tréguas e  continuar, se tiver de ser,  até á morte. 
Já o disse umas quantas vezes: por nada deste mundo, alguma vez ou em circunstância alguma, eu poderia reconhecer um facto desses ou dar quaisquer felicitações a alguém que para singrar na vida tivesse usado o roubo, a extorsão, a afronta, a intimidação, a trafulhice, a mentira, o crime, a violência ou o ódio, por muita arte e engenho que esse alguém despendesse em tal cometimento. 
Por isso eu fico deprimido e revoltado ao ler e ouvir tais insolências que, essas sim, me vão atirando para a fatalidade dum destino que não persigo.


segunda-feira, 2 de maio de 2011

TER OU NÃO TER HISTÓRIA

De discussões acaloradas e azedas em discussões azedas e acaloradas com os adeptos dos corruptos que enxameiam a terra onde vivo, no Alto Minho, - um verdadeiro ninho deles, portanto - procuro travá-los na sua arrogante euforia e quando se põem a jeito zurzi-los impiedosamente, de boca, entenda-se.
É costume, no Domingo de Páscoa, o chamado Compasso visitar as casas das famílias crentes que desejem receber a Cruz, muitas delas apenas para, quanto mais não seja, dar cumprimento á forte tradição destas festividades. Eu não fugi á regra e, após a respectiva cerimónia caseira e também como de costume, o padre e seus acompanhantes foram convidados a beber um cálice de vinho fino e a comer algum dos diversos doces  disponíveis em lauta e enfeitada mesa. Na conversa que, entretanto, se estabelece, o sacristão, homem simples e ingénuo, já avô, meu amigo de longa data,  benfiquista declarado e de emblema na lapela do casaco, chamou-me a atenção para a situação pouco feliz que se verifica no nosso Clube. Entretanto, o padre, um rapaz ainda novo, reparando na nossa conversa, foi-se metendo nela tentando, em jeito de piada, apoucar o sacristão, facto que logo o desmascarou em relação a qual era o seu clube de simpatia. E foi perorando alguns dislates, entre eles que o acólito só podia ser benfiquista porque no tempo da sua meninice a tal fora obrigado pelo regime da outra senhora, que a BTV era deprimente por só tecer elogios ao Clube e dizer mal dos outros, que o Benfica nada era e que só vivia da sua História passada, que o Costa Corrupto devia estar nos altares, tão grande homem ele era. Por uma questão de educação fui ouvindo todos esses e muitos mais disparates sem intervir, porém, quando o ouvi mencionar tão sinistra figura, mesmo assim e como convinha ainda com bastante cortesia, não me contive e repliquei ao inconveniente clérigo:
— Sr. padre, deve saber que a História é parte importante  da essência de qualquer Povo ou mesmo Organização e, assim sendo,  é normal que o Benfica invoque e respeite a sua e se orgulhe dela, a divulgue e engrandeça. A nossa história é cheia, grandiosa e limpa, mas sabe uma coisa? O seu clube nem sequer tem  História …
—Tem sim senhor, retorquiu ele: tem estes últimos trinta anos nos quais ganhou mais troféus do que o Benfica em todos os da sua existência.
Dei um salto pelo desaforo do remoque e encarei-o de frente:
—Já lhe disse, o seu Clube não tem qualquer História, mas se considera essa que cita como História, vai mal porque a ser dessa forma será uma História suja e indigna, uma saga de ignomínia e corrupção, um amontoado de malfeitorias e crimes, apenas podendo ser considerada como uma mancha na existência do seu Clube, nódoa essa tão entranhada que, por muito que façam, nunca conseguirão diluir, muito menos limpar. Quanto á honorabilidade do seu presidente, suponho que o sr. padre só pode estar a mangar comigo.
Fez que consultou o relógio e chamando o sacristão que sorria escarninho, ordenou-lhe:
— João, vamos indo que temos ainda muitos fregueses para atender.
Despediu-se e saiu, enquanto o monaguilho ia retinindo com estridência a campainha festiva.