domingo, 23 de setembro de 2012

TRISTE MISÉRIA


Pode ser que alguém talvez já tivesse reparado que eu só apareço nas horas más ou nas de crise. É possível que assim seja, mas, e que tem isso? Aparecer nas horas de triunfo e nas horas de glória pouco interesse tem para mim dada a convicção de que esses bons momentos deveriam ser normalidade no Benfica. E depois, eu apareço quando quiser, pois que não tenho de dar satisfações a ninguém.
E o que quero explanar agora é que estou farto disto e para a situação se manter nesta enervante e miserável mediocridade mais vale pactuar com o conformismo não adiantando sequer deixar-se consumir por qualquer desespero ou laivo de irritação.  
Pois como é possível que um Clube com jogadores de topo, que jogou um dia antes que o opositor nas competições europeias, óbice que para aqui nem sequer devia ser invocado neste caso, não seja capaz de levar de vencida um adversário de segunda apanha que, por muito esforçado que se mostrasse, nem de perto nem de longe nos deveria, nem em suposições, causar qualquer entrave á vitória, mesmo jogando contra vinte!?
Sei que custa muito tudo isto para quem leva já anos e anos de benfiquismo. Não quero atacar ninguém, nem culpar quem quer que seja dentro da Instituição; queria era que a realidade fosse bem diferente.
Custa-me muito pensar que tenho de admitir que o grupo dos ladrões corruptos de Contumil são, na verdade, invencíveis … e burros; e digo burros porque escusavam de gastar grande dinheiro com treinadores ou jogadores de qualidade pois que, com qualquer hominídio, a sua invencibilidade manter-se-ia na mesma. Podem jogar com varredores da Ribeira, com estivadores de Leixões ou com os apanha-bolas da pocilga que ninguém os conseguirá derrotar, nem cá dentro, nem lá fora. Podem contratar um condutor de autocarro para os treinar nas horas vagas, que ao fim de três ou quatro jornadas têm o campeonato ganho e o resto será meramente um passeio triunfal. Poder-se-á afirmar que não é bem assim, mas é, porque essa é a pura realidade.
Anda a grande maioria dos benfiquistas indignada com tudo isto chegando alguns a advogar a violência, vindo logo outros rebater que se não deve ir por esse caminho. Será medo? Será pudor? Será politicamente correcto? Não sei, mas eu não tenho medo e digo; a única via de salubrificar este pútrido pântano do futebol português é usar da violência porque todos os outros meios não resultam nem resultarão nunca. Como, aliás, é evidente e necessário: quando alguém se sente injustiçado e nada mais lhe resta, torna-se legítimo que use a violência para repor a dignidade.
Doutro modo as lamentações não terão fim e os objectivos traçados e  pretendidos nunca se conseguirão alcançar. Na nossa vida apenas devemos lamentar os erros que cometemos, nunca a injustiça!


domingo, 2 de setembro de 2012

ASSENTAR A POEIRA


    
Quando está mau tempo não podemos dizer que vai um lindo dia, quando chove não podemos afirmar que o sol brilha. Da mesma forma e pelo que se está a passar no Benfica só se pode esperar o pior em termos desportivos. Dir-me-ão que agora o futebol já não tem nada de desporto e eu bem o sei, mas a finalidade dum clube de futebol não é plantar tomates ou nabiças e sim a de conseguir vitórias que lhe dão a glória e estas só se poderão alcançar com os melhores atletas. Estou triste, muito triste e desiludido pelo que está a acontecer no meu Clube. Trabalhei numa grande  Empresa e sei muito bem que para se conseguirem bons resultados se torna fundamental que qualquer delas tenha uma gestão eficiente, como era o caso nesse meu tempo. E gerir bem até nem custa muito desde que haja seriedade e competência. Não sou contra ninguém nem quero atacar seja quem for, mas o que se está a passar no Benfica em termos de gestão desportiva é inacreditável. No entanto, assentada a poeira, vejamos as coisas com frieza.
Se há alguém que ficou desalentado e mesmo furioso com a saída do Javi Garcia, como disse atrás, eu fui um deles. Porque era, na verdade, um jogador excelente, porque  tinha amor ao Clube, porque irradiava simpatia, porque era espanhol e (é uma convicção minha) nestas coisas de futebol os espanhóis têm uma mentalidade muito forte. No entanto, o Javi foi vendido e seria o último jogador do Benfica que eu esperaria que o fosse mas, da maneira como as coisas funcionam neste charco da bola, era um cenário perfeitamente previsível. E aqui permiti-me que faça um pequeno exercício de divagação. Não são situações tão comuns de acontecer como uma venda, mas lá que são tão prováveis como outras quaisquer, devemos convir que sim. Suponhamos que o Javi, seguindo no seu automóvel, tinha por desgraça um acidente e morria, ficava inutilizado ou lhe surgia uma doença que o impedisse de continuar a sua carreira de futebolista; ficava o Benfica sem ele e sem o dinheiro da transferência. Ia, por via disso, cair o Mundo? Num caso destes todos os benfiquistas, mesmo aqueles que parece não o serem pelo que dizem e escrevem, nada poderiam culpar, nem ninguém, apenas lamentar-se, levantar a cabeça, (frase feita hoje muito proferida nos maus momentos), olhar o sol de frente e ir á luta, que a vida não pode parar. Diz a sabedoria que tudo que não há se escusa e também que ninguém é insubstituível como, de facto, não o é. 
Deixai que vos faça aqui uma pequena provocação; pensais que se o grupo criminoso do Freixo, desse, vendesse, alienasse, expulsasse, matasse os seus "maiores idolos”, como o boneco verde ou o tão falado Moutinho, teria havido este dilúvio de lágrimas e ranho como houve em nós, benfiquistas, e que essa sinistra agremiação ficaria abalada ou a carpir mágoas sobre o leite derramado? Qual quê; posso apostar que se no dia seguinte a essa pretensa hecatombe tivessem de fazer um jogo difícil, mesmo jogando com o refugo da casa, no fim do mesmo lá estariam eles a festejar a vitória. Uma coisa, porém, vos posso garantir e nela se resume todo o cerne da questão: com Javi ou sem Javi, com Cardoso ou sem ele, perderemos sempre com os meliantes de Contumil, quer eles joguem com Hulk ou sem Hulk, ganhar-lhes-emos poucas vezes como tem acontecido até aqui e ficaremos em segundo lugar como tem sido costume. A estes factos é que nós devemos dar atenção. Acredito que jogadores como o Javi Garcia são difíceis de encontrar ou de fazer, não tanto assim os Messis, Ronaldos ou Macacos Verdes; basta olhar para o físico deles e concluir que são uma boa demonstração de como funcionam as hormonas, as "amarelas", tal qual os frangos de aviário que já se conseguem criar em dois ou três dias com grande facilidade. 
Por isso, diz-nos o bom senso que devemos aguardar os acontecimentos e se eles se precipitarem no insucesso pela causa apontada, (e tudo parece indicar tal cenário) então sim, será legítimo abrir hostilidades e verberar os culpados. Dir-me-eis com cepticismo; pois é, muito bem falas tu. Não falo, não, pois sei por demais o quanto a mim também me custa aceitar este raciocínio e seguir por este caminho.