quinta-feira, 3 de novembro de 2011

IN MEMORIAM

Faz hoje nove anos que morreu o meu irmão mais novo. 
Foi um homem simples, trabalhador, um homem pobre, dedicado, são de consciência, cumpridor da lei, respeitador do seu semelhante, seguidor dos perenes valores com que foi educado. Resumindo, só posso afirmar que era um homem bom!
Tinha uma indefectível, profunda e mesmo irracional paixão pelo Benfica a qual, de certa forma, lhe causou a morte pois sucumbiu, ainda novo, após um jogo que tinha acabado de ver na televisão.
Desde pequeninos que, para além do sangue, fomos sempre amigos, sem uma névoa sequer que toldasse tal amizade, sem uma quezília, sem qualquer embirração ao longo de todos esses anos em que viveu. Passamos muita da nossa vida nesse, outrora, recanto do paraíso, a aldeia de Côrtes, banhada pelo Minho sem par. Deixou em mim uma cavada saudade que, amiúde, me alerta para o pensamento da minha também inevitável partida.
Escrevi, nessa altura, um soneto a evocar a sua memória e intentei colocá-lo em cima da sua campa, gravado perenemente em granítica pedra tumular. Para tal contactei várias casas da especialidade, porém, em todas elas me foi dito que, conforme o meu desejo, a lápide iria ter, forçosamente, dimensões pouco estéticas.
Por isso e em contrapartida, aqui estou a inseri-lo agora neste espaço onde, suponho e espero, poderá ser lido por muita mais gente; família, amigos e conhecidos.
Ei-lo então:


Não por irmão, mas mais por seres amigo
Que tinhas na alma aquela chama imensa 
De vã paixão e fé, de insana crença, 
É que eu gostava de falar contigo.

Mas eis que a Morte, pérfida e ruim, 
Brandindo a vil gadanha, despiedada,
Ceifou os passos da tua caminhada 
Que estava ainda longe do seu fim.

Não quero recordar-te aí caído
Mas como foste em vida, sempre erguido:
Enquanto viva, em mim ‘starás presente!

Embora rasos d’água os olhos meus
Por ti não choro nem te digo adeus
Pois não partiste, só foste á minha frente!

                                    Teu irmão TONE

                                              Arcos, 2002


Morreu, acabou! Dizem as gentes, mas eu recuso tal conceito:
Não acabou nada! Quem morre nunca acaba; viverá sempre no coração de todos aqueles que o amaram.

3 comentários:

GuachosVermelhos disse...

Claro que não morreu!
Passou para a etapa seguinte onde esperará por todos nós...
O corpo não está perto de ti, mas a sua alma benfiquista jamais te abandonará!!!
Bonita homenagem!
Abraço

Dylan disse...

Nem sei o que dizer...

Certamente que o seu irmão faria o mesmo que o Rivus está aqui a fazer: a perpetuação da memória de um homem bom. Unidos pelo sangue, unidos pelo benfiquismo, celestialmente.

O Cabinda disse...

"Não partiste, só foste à minha frente".

Eu tenho dois irmãos, eu sou o do meio, e são ambos parte de mim.
Assim como o teu irmão continua a ser parte de ti. Desejo muitas alegrias, sorte e felicidade para a TUA VIDA.

Jorge