sexta-feira, 6 de maio de 2011

OS DIAS DO FIM

Ao contrário de muitos outros companheiros e sócios do Benfica e olhando com doloroso estupor para a eliminação de há bocado com o Braga (com quem?), sinto-me estranhamente calmo e não me apercebo que tenha caído qualquer céu sobre nós. 
É evidente que motivos de humilhação aconteceram mais que muitos, mas entendo que os maiores já tinham ocorrido antes. 
Como foi possível uma equipa que no passado ano  actuou de forma tão maravilhosa ter caído em tão profundo pego, esfrangalhada e ferida por tão incompreensível hecatombe?
Não quero nem vou procurar saber quem possam ter sido os culpados de tanta perdição, nem mesmo me interessa, mas o que pressinto é uma profunda postura de amadorismo em toda a Instituição, uma atroz ingenuidade e uma boçal incompetência. Nunca me iludi com loas tecidas aos atletas da equipa em horas mais conseguidas porque sabia bem que eram inconsistentes e dirigidas a jogadores mais que banais, sem classe, sem categoria, bem piores do que muitos que vejo actuar em equipas regionais e de terrinhas da província.  Nunca embarquei no frágil batel de ditos triunfantes porque sempre os considerei como demonstrações abacocadas de quem se sente perdedor. Esses ditos eufóricos do “faço e aconteço” só se podem admitir e compreender depois das vitórias finais. 
E sempre com a mesma agonia, vão-se passando os anos, as épocas e as trevas não há meio de se dissiparem para deixar passar, pelo menos, a luz da dignidade. Cada vez mais, as humilhações vão surgindo em catadupa, não como íncubos malignos e sim como experiências vividamente presentes e reais. Nunca poderei esquecer a noite do jogo para super Taça,  estava eu numa Unidade de turismo de Habitação, confiante e crente na vitória, quando me aconteceu passar por uma das maiores humilhações da minha vida ao ter de aguentar com  a agressividade e o típico ódio de uns putos de escola que durante alucinantes minutos saltaram e pularam de incontrolável gozo. Mas, ai de mim, mal sabia eu que o cálice da amargura ainda não tinha sido emborcado totalmente e vieram os 5-0 do covil do Freixo. Por entre um fogacho de luz dos 2-0 no mesmo fojo, logo voltou a escuridão na nossa Luz, uma vez e logo outra seguida, com a mais degradante vergonha da segunda mão da Taça de Portugal. O pior  é que não são todas estas misérias que mais fazem doer; é ter de ouvir, ainda por cima, todo o ladrar das mais diversas e hediondas matilhas, que nos punge a alma, desconsolada e abatida. Por muito que sejamos possuidores dum forte estoicismo, desta forma ele terá forçosamente que ceder á descrença e mesmo á indignação. 
E, perante toda esta vileza, dou comigo a congeminar; ter-me-ia valido a pena gozar do privilégio de ter  assistido a toda a Glória do Benfica para, de forma deprimente e chorosa, o ter visto morrer há muito tempo atrás? Porque, não tenhamos ilusões e volto a repeti-lo; o meu Benfica está morto e, pena das penas, não sinto em mim nem antevejo qualquer esperança de o ver ressurgir. Porque já não existem salvadores. O Benfica actual não passa de um magote de índios sul-americanos vestidos com a sua camisola. 
      Olhai bem; não manifesto todos estes sentimentos para desabafar e sim porque sinto a convicção de que os  dias de glória se esvaíram e também porque estes tempos representam, efectivamente, os dias do Fim.


1 comentário:

Unknown disse...

Eu fiquei em baixo com o resultado, mas confesso que foi pior quando deixámos os corruptos festejarem na Luz tanto para o campeonato como para a taça. Estava mesmo a ver que o Benfica ia perder por 1-0 com o Braga. Por muito que os jogadores esforçassem, as coisas pareciam não estar destinadas a acabar bem. E assim perdi a oportunidade de ver o Benfica alcançar aquela que seria a minha terceira final europeia. Mas, vendo bem, o nosso clube pelos vistos não foi mesmo talhado para vencer finais (será da maldição do Gutman?).
Esta época teve tudo para ser uma época horrível. Tanta sobranceria, arrogância, cansaço, invenções, lesões. Foram humilhações atrás de humilhações. Pior mesmo é ver agora os corruptos alargarem o seu palmarés internacional e suplantarem-nos em termos de títulos totais. O Benfica vai assim deixar de ser o clube mais ganhador de Portugal.
Desejo sinceramente que o Jorge Jesus, se permanecer, faça com que o Benfica volte a jogar como jogava na época passada e, acima de tudo, com fibra e estofo. Que haja também soluções e alternativas válidas no plantel. E desejo também que para o ano haja mais Liga Europa (temos de voltar a ficar em 3º lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões) e também nos anos vindouros. Porque digo isso? Porque a Liga dos Campeões é, convenhamos, uma miragem. A Liga Europa é uma competição mais acessível e parece-me que está cada vez mais nivelada para baixo. O Benfica precisa urgentemente de recuperar o seu prestígio internacional e nada como ganhar já uma ou outra edição da Liga Europa num futuro próximo. O FC Porto provavelmente voltará a ser frequentador assíduo da Liga dos Campeões e deverá com certeza passar muitas vezes da fase de grupos, portanto temos, infelizmente, que aproveitar esse facto: não estando os corruptos na Liga Europa dificilmente seremos humilhados. Penso eu.
Nunca foi tão difícil ser benfiquista. De facto se eu ainda fosse tão ferrenho como era antigamente, a esta hora estaria mesmo mal. Qualquer dia deixo de ver futebol mas é...