segunda-feira, 25 de julho de 2011

JURAS DE AMOR

Andamos muitos de nós, benfiquistas, a querer descobrir neles e a exigir a todos os jogadores que passam pelo Benfica que tratem o clube como sendo o único e se desfaçam em juras de amor para todo o sempre. Santa ingenuidade! Eu já assim fui, também romântico e bacoco, e levei muito tempo a convencer-me da realidade. Em tempo já muito distante, vá que não vá, de facto, assim era. Estou a lembrar-me daquela pléiade de grandes jogadores portugueses doutras eras, todos Homens a valer que amavam sinceramente o Clube e ainda hoje se pode constatar isso quando se ouvem muitos deles, já velhos e encanecidos, a falar em diversos espaços da comunicação. Mas o futebol mudou e transformou-se numa prostituída feira de vaidades onde o único Deus e deslavado “Amor” é o dinheiro; não tanto a glória. Por isso, eu escuto muito companheiro benfiquista a chorar baba e ranho, ressabiado,  deprimido e inconformado, quando algum jogador que se deu bem no Clube e lhe proclamou juras de amor eterno, o renega e maldiz depois, como um infiel namorado que se enredasse noutro xodó. 
É o caso do Luizão. Protagonizou agora esta novela de faca e alguidar, pelos vistos já ensaiada noutras épocas e nós todos nos sentimos traídos com o que classificamos de ingratidão e infidelidade. O que o Luizão quer, sei-o eu e sabem-o todos bem demais, por isso vos digo: ele quer ir embora? Deixai-o ir que o Benfica não acabará. Se fosse comigo, não haveria ainda de sair, já tinha saído há muito, quando falou demais. Em todos os contratos - mesmo nos de casamento - o amor vale pouco ou nada e eles servem somente como documentos que deverão ser conduzidos e resolvidos de forma pragmática. 
Que o Luizão vá ou que o Luizão fique, a mim pouco se me dá. Pode parecer que noutras paragens as coisas sejam diferentes, mas não são, porque a quem segue atrás do dinheiro só uma coisa o pode travar nessa demanda: o medo aos que têm o poder e a força  e sabemos quem são. Com esses, antes de se falar, há que pensar duas vezes, ou nem falar sequer; assinar num minuto e pôr-se de cócoras.
É claro que bastante deste estardalhaço também é gerado e alimentado por muita dessa gente abjecta que se imagina e se tem na conta de jornalista, mas que não passa de verdadeiros crápulas, alcoviteiros e agitadores, mansos podengos de língua arfante a farejar e a lambuzar o dono. É verdade que eles fazem com que muitos benfiquistas emprenhem pelos ouvidos e procedam depois como carpideiras num velório. Eu também já embarquei nessas águas, mas também já me curei dessa moléstia e hoje não me custa nada rir de tais pilhérias.
Sabeis o que me preocupa? Sentir o Benfica um tanto abúlico e descrente, sem aquela firmeza que costuma ser apanágio dos vencedores.

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