sábado, 16 de abril de 2011

SEM ARROGÂNCIA, MAS SEM MEDO

Depois do jogo com o PSV voltou a insatisfação dos benfiquistas, expressas em muitas publicações que vou lendo por aí e cheias de revoadas de nuvens negras carregadas de dúvidas e pessimismo. Entendo, eu também as subscreveria todas. O Benfica não tem a almofada macia nem o escudo seguro do recurso a pós milagrosos e demais candongas usadas pelo grupo dos Corruptos que lhe permita, com total certeza, cantar de galo. Por isso, aqui d’el Rei, andamos todos com uma tremedeira doentia.
Que se lesionou o Salvio, peça fulcral da equipa, sobretudo nesta fase em que mais falta irá fazer. Que se deve usar de cautela com o Braga - e é verdade - mas não o declarando com o sentido pusilânime de um medo encapotado. Que o nosso treinador faz mal em não mostrar ronha e matreirice, sobretudo nos jogos internacionais, tomando precauções com a defesa e não lançar-se ao ataque de modo insensato, sujeitando-se a contra-ataques perigosos, o que leva muitos de nós a concluir que o Benfica não terá ainda, por via disso, um verdadeiro estofo europeu. Nada de mais errado, digo eu, e tudo uma boa treta!
A todos quantos assim pensam e comungam de tais receios, apetece-me contrapor dizendo que humildade não deve ser fraqueza, nem o real valor que alguém possui deve dar aso a infundados receios. 
E aqui vou deitar mão da minha longa vivência para, de certo modo, corroborar o que atrás afirmei. Jogava-se a final da nossa segunda Taça dos Campeões Europeus contra o Real Madrid, que eu via num café abarrotado de pessoas, em televisor ainda a preto e branco, quando ao fim de vinte minutos o Benfica já perdia por 2-0. Lembro-me, como se fosse hoje, que virando-me para um amigo ali á minha beira e já um tanto desalentado, de lhe ter dito com estranha calma e convicção:
—“… meu caro, da maneira que a nossa equipa está a jogar, nós nunca podemos perder este jogo!” E foi o que se sabe.
Porque o Benfica quase não tinha defesas; quem eram eles? Angelo, Cruz, Mário João e mais alguns, com excepção de Coluna ou Germano. Atletas vulgares, com pouco gabarito e renome. Porém, em contrapartida, o ataque era opressor, sufocante, maravilhoso, tremendamente eficiente, corrido como um carrossel e dava gosto ver um jogo assim, belo, empolgante e cheio de magia. Assisti, depois, a outros jogos do Benfica nos quais a bola raramente saía da área do adversário, dando a ilusão de que nem seria necessário ter defesa. Vi um jogo contra o Nuremberga em que perdemos 3-1 na Alemanha e no estádio da Luz, ao fim de dois minutos, a vantagem desses dois golos dos alemães já estava anulada. E então pergunto: nesse tempo também não haveria risco? Dir-me-ão que, agora, as coisas são diferentes e que o futebol se joga de outra forma: até posso admitir que assim seja mas, por muito que se diga, as equipas que possuem grandes ataques têm muitas mais possibilidades de vencer. 
Gosto da forma como o Benfica joga e admiro o treinador que O leva a isso. Golos no início dos desafios podem sofrer-se sempre, a virtude e a força estão na capacidade de os conseguir ultrapassar e o facto de se ter igualado o resultado negativo no transcendente jogo de EindHoven já significou um positivo trabalho. 
Sem arrogância, é certo, entendo que, dado o valor do nosso plantel, o exagerado medo que o Braga possa inspirar ao nosso Clube, não passará de uma falsa modéstia. Hoje o futebol está, de facto, muito diferente porque fora das quatro linhas do relvado prolifera um sem número de esquemas sujos e de interesses pouco claros que condicionam e subvertem a beleza do desporto. O jogo da Pedreira para o campeonato estava mais que ganho e só o perdemos devido a manigâncias que nada tiveram a ver com o futebol, por isso, se estes da Liga Europa e todos os outros que ainda restam se cingiram somente á parte desportiva, sem condicionamentos de outra sorte, estou quase certo de que o Benfica atingirá a final, com maior ou menor dificuldade. 
Haja confiança!,

3 comentários:

António Duarte disse...

E não deixar de salientar que os da pedreira passaram às meias-finais sem marcar nenhum golo e com 2 empates. Isto para dizer que, sendo o futebol um jogo, é preciso, por vezes, ter um pouco de sorte. Mas eu acredito que vamos à final. Rumo a Dublin. Força BENFICA!!!!!

Unknown disse...

Espero estar na final e contra o Villarreal.

RIVUS disse...

Caro amigo: também eu; mas que vão fazer tudo para nos impedir, lá isso vão...!