quinta-feira, 21 de abril de 2011

VÆ VICTIS!

Ai dos Vencidos!
O que se passou hoje em pleno Estádio da Luz foi a gota de água que fez transbordar no meu ânimo tolerante e esperançado, já cansado pelo desalento, o copo da minha descrença, o que me leva a proferir as palavras seguintes com um acento necessariamente violento. Foi um acontecimento impensável, surreal, devastador, só possível nas imaginações mais delirantes: foi uma hecatombe e uma das mais dolorosas humilhações a que, em tempo algum, me foi dado assistir. 
Que dirigentes, gerais e desportivos, são estes que vêm demonstrando uma falta de competência tão acentuada? Que gente é esta que não tem sabido defender a Instituição Benfica das arremetidas dos seus inimigos? Que pessoas são estas que se deixam vilipendiar sem qualquer reacção? Que seres são estes que nunca mostraram firme determinação nem tiveram a coragem de fazer meia volta e regressar a casa numa única sequer das inúmeras circunstâncias bélicas e ocasiões violentas com que foram agredidos em lugares por demais conhecidos? O que eu diria a estes dirigentes era que, se tiverem decência, parem para reflectir profundamente ou então que deixem o lugar a outros. Mesmo que fosse a um ser amado, a um parente querido, a um filho, embora de  coração destroçado, havia de lhe dizer o mesmo: - "meu amigo, arrepia caminho que, dessa forma, estarás perdido". 
Que raio de equipa é esta que, em sua própria casa, se deixa humilhar tão contundentemente em quatro de cinco ocasiões em que teve de enfrentar um Grupo de canalhas, perfeitamente ao nosso alcance? Que rancho folclórico é este que não é capaz de, no seu próprio recinto, aguentar dois golos de vantagem? Que banda de música é essa que mostra cobardia e capitulação, sem combater sequer? Eu sei: são meninos mimados pagos a peso de ouro e tanto se lhes dá. Se fosse numa Estrutura bem gerida, nesta hora, já teriam guia de marcha para onde o diabo os carregasse. Perder é normal e muitas vezes honroso pois não é a derrota em si mesma e sim o modo como ela acontece e contra quem acontece! Foi confrangedora e penosa a forma como nos deixamos cair, e logo contra o grupo de uma das mais odiosas Organizações que alguma vez existiu á face da Terra, sem escrúpulos, sem respeito e sem lei que, nem de perto nem de longe, se compara sequer a colossos desportivos como um Real Madrid, um Barcelona, um Manchester e tantos outros por esse mundo fora.
Sei que virão dizer: ah, mas o Benfica é Grande, tem isto e aquilo, tem muitos sócios e simpatizantes, tem uma TV, é uma prestigiada marca. Balelas, direi eu, mentira pegada. O Benfica que eu vivi foi, de facto, Grandioso mas, há mais de trinta anos vem caindo no abismo da mediocridade e do fracasso. Este Benfica de agora não passa de um Clube perdedor, é uma reles caricatura do que foi outrora e não tem á sua frente Homens capazes de o guiar com determinação e competência pelos novos e tortuosos caminhos do presente. 
Vem, já aí, a taça da Liga. A taça da Liga? Não se deveria comparecer nessa final mas, tendo que ser, depois do que se passou hoje, haja a dignidade e a decência de tudo fazer para que o nosso adversário a venha a conquistar, ou então disputá-la com a dita reserva ou mesmo com os juniores. Porque, fazendo por ganhá-la, será mais uma vergonha, uma gargalhada e uma chacota nacional. Será mais uma humilhação. E na Liga Europa, dói-me muito dizê-lo,  fico a torcer para que o Braga consiga estar na final, caso contrário, será outra agoniante humilhação.
Por isso eu não me revejo neste Benfica e estou aqui para dizer basta, é demais, já chega! Estou farto de ser defraudado nos meus legítimos anseios, estou farto de ser vilipendiado, estou farto de ser humilhado e, para o bem da minha sanidade psíquica e mental, vou afastar-me disto, porque não vejo esperança. Que me perdoem alguns amigos que já tinha como grata referência, o Dylan, o Guachos, o Carlos Alberto e o FireHead, amigos esses que continuarei respeitosamente a considerar. Que me perdoem, mas assim não dá. Outrossim, poderão outros atirar-me á cara: - “Vai, que benfiquistas desses não fazem cá falta nenhuma”.  Seja! Compreendo e aceito tais atitudes, mas permito-me contestar: na idade que já tenho não admitirei nem aceitarei lições de benfiquismo de ninguém e a intensidade do meu benfiquismo é um sentimento que só eu poderei medir. Não posso permitir que alguém me venha a humilhar sem limites, nem mesmo o consentirei àqueles a quem mais amo nesta vida. E eu não quero ser mais humilhado! Nem da forma como sou! Não estou a fugir, estou apenas a precaver a minha lucidez.
Dizem que é nos maus momentos, nas dificuldades e nas derrotas que devemos ajudar aqueles que por elas passam: aceito isso, mas só se for para conseguir emenda e levantar cabeça o que, convenhamos, não tem sido o caso nestes longos e miseráveis trinta anos. 
Estou farto!
Claro que continuarei sempre benfiquista mas, por certo, não do Benfica do presente porque o Benfica que eu admirei e amei, esse já morreu há muito. Como continuarei a ser português mesmo não me revendo no Portugal da hora presente.
A todos nós é concedido um tempo para tudo na vida e, como diria Remarque, pressinto que o meu tempo de amar já lá vai e que apenas me resta o tempo de morrer. Porém, quero tê-lo em paz!

1 comentário:

Unknown disse...

Coragem, amigo! Também não tenho grandes palavras para descrever aquilo que realmente sinto, mas as poucas horas de sono mal dormido uma vez mais reflecte o meu benfiquismo ferido no orgulho. Quero, no entanto, voltar a levantar a cabela, qual teimoso, e acreditar que ainda podemos acabar esta época com o doce sabor da vitória.
Odeio a agremiação corrupta com todas as minhas forças e quero acreditar que o Villarreal, na Liga Europa, e o Vitória de Guimarães, na final do Jamor, farão justiça.
A nós compete-nos aplacar esta dor com uma vitória já no sábado. E depois sobre o Braga na eliminatória da Liga Europa. Tudo pode mudar. Para melhor. Quero acreditar que sim.