terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O SR.PÔNCIO

Morreu o sr. Pôncio. 
Eu conhecia o sr. Pôncio porque ele era casado com uma senhora da minha aldeia, irmã de outra senhora que andou comigo na escola primária e que também Deus já lá tem. Mas nada mais sabia dele a não ser através das suas aparições públicas nas TVs. Todos os homens possuem defeitos e merecimentos em diferentes proporções e lidam durante a sua vida com a contabilidade de imperfeições e virtudes importando, apenas, que no balanço final o saldo seja positivo no tocante ás segundas; o que,  no meu entender, não era  o caso do Sr. Pôncio.
Hoje vou falar á padre, metendo a propósito algum latinório e como convém nos costumeiros palavreados de cerimónias fúnebres. Sou uma pessoa crente e com grande respeito pelo Sagrado do qual fazem parte os mistérios da vida e da morte e não pretendo, por sua vez, fazer deste meu texto, nem uma falta de respeito pelo defunto, nem exprimir um elogio post mortem, nem muito menos fazer qualquer espécie de julgamento sobre a sua alma. Falta de respeito nunca o será quando se verberam e não se apagam, porventura, as más acções do finado e que correspondam á verdade, os Elogios nunca os poderia proferir porque seriam descabidos e, quanto a julgamentos, nenhum ser humano está preparado para tal nem mesmo tem sequer o direito de julgar outro semelhante, sobretudo quando ele parte definitivamente para o reino da Pentagnóse. Julgar só Deus, porque só Ele é justo nos seus juízos. No entanto, não me vou eximir de tecer alguns comentários sobre o sr. Pôncio, conjecturando os trâmites que, na minha opinião, poderiam ter acontecido no seu passamento, enquadrando-os á luz do padrão bíblico. 
Não afirmo que ele tenha sido condenado ao inferno porque, creio, o inferno não existe, mas sim ás trevas eternas, pois não sei se ele invocou o salmo 50, "miserere mei...", e se se arrependeu dos seus pecados, invocando o "...de profundis clamavi ad Te, Domine …" Porém,  não estou convencido que assim fosse. Uma das condições para se pedir e poder alcançar o perdão é ter firmes propósitos de emenda e arrependimento e eu creio, com muita certeza, que se lhe fosse permitido regressar  a este mundo, o Sr. Pôncio nunca mostraria qualquer pungimento ou remorso e continuaria a defender a corrupção, o roubo, a trafulhice, a mentira, o cinismo, a violência e o ódio, atributos estes e muitos mais que são apanágio da Agremiação do Freixo. Mesmo o Senhor, que já condenou os fariseus, apelidando-os de sepulcros caiados por fora e por dentro cheios de podridão, dificilmente não o faria com o sr. Pôncio que era, sem sombra de dúvida, um autêntico fariseu. 
Por sua vez e como realça o livro do Apocalipse, o defunto foi um dos grandes seguidores da Besta, abominada pela Divindade, levava a sua marca e, certamente por isso, não tinha o seu nome inscrito no livro da vida dos "...duodecim millia signati ". Ora, quem adora a besta também adora o dragão, símbolo do mal, sendo instrumento desse mal e de quem recebe o poder. (Apocalipse 13.14)
Não exteriorizo, como muitos dos meus amigos benfiquistas, muito embora elas sejam legítimas e profundamente verdadeiras, muitas das expressões pouco abonatórias que correm por aí, mas tenho de reconhecer que a morte não apaga a iniquidade, nem transforma um patife num santo. A partida dum ser maléfico, muito embora pouco afecte o Mal em si mesmo, significa  sempre uma intrínseca esperança!
Por isso, sem mudar sequer uma virgula ao conceito que tenho desse desaparecido tratante, por uma questão de decência apenas poderei balbuciar uma oração em seu favor para ver se, ao menos, lhe pode ser concedida um pouco daquela paz que ele, visível, consciente e ostensivamente sempre negou ao Benfica e aos benquistas.
"Misere eius, Deus, secundum magnam misericordiam tuam!"




4 comentários:

Carlos Alberto disse...

Simplesmente Magnifico!

Viriato de Viseu disse...

Brilhante !!!!!!!!!!

the_passenger disse...

Nem mais...

Unknown disse...

Obviamente que lá por o Pôncio ter morrido, tal como qualquer pessoa que nós não gostamos que morre, não passa a usufruir da nossa bondade ou admiração só porque morreu. Hipócritas seríamos se agora estivessemos a falar bem dele só porque ele foi (que é o que acontece muitas vezes com muita gente, por exemplo nos velórios ou funerais), segundo disse, para o "céu que é azul e branco". Resta saber se ele realmente foi para esse tal céu. Pinto da Costa, o padrinho-mor, afirma de boca cheia ser um católico convicto e no entanto a sua criação ter no emblema um dragão, símbolo demoníaco das culturas pagãs/gnósticas.
Ora, apenas podemos e devemos desejar paz à sua alma, mas onde ele agora se encontra não é da nossa conta. As pessoas vão e vêem, nascem e morrem... mas as suas obras ficam, bem como as instituições. E a agremiação corrupta continua, infelizmente, a existir. Morreu um adepto dos nossos rivais, mas existem muitos outros. A nossa luta continua como sempre continuou.